Porto Alegre, 24 de outubro de 2025 – O senador Luis Carlos Heinze – PP-RS – reuniu, em Alegrete, representantes da cadeia do arroz, da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT – e da área técnica para debater sobre a reativação da ferrovia Uruguaiana–São Paulo e avançar na integração com a Argentina pelo trecho Libres–Uruguaiana. A proposta é retomar a rota ferroviária que sustenta o escoamento para São Paulo e ampliar conexões internacionais, alavancando o desempenho do arroz gaúcho e a economia regional.
A importância do corredor que ligava Uruguaiana à capital paulista, com passagem por Porto Alegre, é conhecida na região. Em períodos anteriores, a rota respondeu por cerca de 50% da saída da produção local de arroz. Hoje, aproximadamente 40% do grão cultivado em São Borja, Itaqui, Uruguaiana, Alegrete e municípios do entorno tem como destino São Paulo, o que reforça a necessidade deretomar a linha.
No encontro, Bento Lima, da Sysfer, detalhou o estudo de viabilidade contratado pela Infra S.A. para os trechos gaúchos da Malha Sul. Segundo ele, o alto custo do frete ferroviário decorre da baixa demanda, já que as cargas migraram para as rodovias.
Uma saída discutida foi ampliar o mix de cargas no mesmo corredor. Como o arroz, sozinho, não teria condições de manter a ligação ferroviária ativa, investir em opções como transporte de combustíveis e contêineres ajudaria a garantir regularidade operacional. Para isso, no entanto, é preciso investir em políticas públicas que tornem o modal novamente atrativo.
Pelo lado regulatório, Felipe Ferreira, coordenador regional de Fiscalização Ferroviária da ANTT, lembrou que havia trechos parados mesmo antes das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024. Ele pontuou que como as operações da Malha Sul são concessionadas, a operadora, muitas vezes, prefere pagar multa a sustentar operações deficitárias, uma vez que entende ser insuficiente a demanda da rota.
Após os danos causados pelas fortes chuvas, também não houve investimento público para recuperar as ferrovias gaúchas, ao contrário do que ocorreu com outros setores. O custo para reconstrução das linhas foi estimado em cerca de R$ 4 bilhões, valor que, na visão do grupo, precisa entrar no radar de prioridades.
A integração com a Argentina pelo trecho Libres–Uruguaiana também foi discutida. Há disposição do lado argentino para fazer essa conexão, e Heinze entende que esse seria o momento de pressionar o governo brasileiro para avançar nas conversas. Para o senador, “Há oportunidade clara de expandir a venda do arroz gaúcho para o mercado argentino com essa rota estratégica. Somada à reativação Uruguaiana-São Paulo, a tendência é aumentar a demanda e tornar o trem mais competitivo na região”.
O senador se comprometeu a dar andamento às articulações junto aos órgãos federais para a reativação da ferrovia e, em paralelo, a prosseguir nas tratativas com o governo argentino para viabilizar a ligação ferroviária com o país vizinho.